Funchal

Funchal

Funchal

Funchal, Ilha da Madeira

O Funchal é a capital da Região Autónoma da Madeira e a mais populosa fora do território continental português. A cidade coincide com o seu concelho, e tem 76,15 km² de área e 111 892 habitantes (2011), subdividindo-se em 10 freguesias. A área metropolitana do Funchal, que inclui os concelhos de Câmara de Lobos, Ribeira Brava, Santa Cruz e Machico, tem uma população superior a 225 mil habitantes.
 
A visão do Funchal é esplendorosa, com as suas ruas tortuosas que descem a vertente da montanha, tendo à sua frente o azul do mar. Esta paisagem deslumbrante tem cativado visitantes de todo o mundo. O nome da cidade tem a ver com a quantidade de funcho que crescia neste vale e que impressionou o navegador João Gonçalves Zarco, aqui chegado em 1420.

O clima é subtropical, verificando-se temperaturas amenas durante todo o ano. Contudo, a paisagem lembra muito mais a de um país mediterrânico que a dos trópicos. Visto de longe, o Funchal é, também um mar de vegetação colorida, dominado pelos tons das buganvílias cor de rosa, das jacarandás roxas e das espetaculares árvores-de-fogo vermelhas que ladeiam as estradas.
 
As ruas ramificam-se a partir do centro polarizador, a Sé Catedral, mandada construir por D. Manuel I. Na baixa, a parte antiga da cidade, destacam-se várias igrejas e o casario setecentista e oitocentista. Os mercados de flores e frutas nas principais praças da cidade são aspetos característicos do Funchal, não esquecendo os carros de cesto que descem vertiginosamente do Monte do Funchal, por uma descida íngreme, dirigidos por homens hábeis, os chamados “carreiros”.


O Funchal não é apenas uma cidade antiga. Sem perder a sua beleza primitiva, soube acompanhar o progresso e, um pouco por toda a parte, foram aparecendo grandes hóteis, lojas e outras atrações, fazendo face às necessidades do turismomoderno.

 Santa Maria Maior é a freguesia mais antiga do Funchal, predominando as casas rasteiras que ali foram construídas desde o início do povoamento. Para proteger esta arquitetura única, todo o núcleo histórico foi classificado. Muitos edifícios têm centenas de anos e ainda possuem os respetivos fornos embutidos nas paredes exteriores. Animação de rua não falta. Durante os últimos anos esta zona foi completamente recuperada. Abriram bons restaurantes típicos e os habitantes de todas as idades passaram a poder gozar a frescura de um amplo jardim e podem fazer uma viagem de teleférico. Sobressaindo das casinhas térreas impõe-se o volume do Forte de São Tiago, construído na primeira metade do século XVII, durante a ocupação espanhola (1580-1640). Alberga atualmente o Museu de Arte Contemporânea.

 
O Mercado dos Lavradores está a dois passos da zona histórica, tendo sido desenhado pelo arquiteto Edmundo Tavares num estilo entre a art deco típica dos anos 30 e o modernismo. A porta principal dá para um pátio, animado diariamente pela venda das frutas e legumes. Tudo exposto em elegantes bancadas e pronto a ser visto, cheirado e provado. As bancadas de flores são um mundo de cor à parte: carregadas de camélias, proteias, estrelícias e orquídeas. As floristas apresentam-se com coloridos trajes típicos. No piso superior, as arcadas que rodeiam o pátio fazem lembrar um mercado oriental. Num dos extremos do edifício fica o mercado do peixe, expondo tudo o que as mais ricas águas do Atlântico têm para oferecer.

 O Funchal é atravessado por três ribeiras, cobertas por coloridas trepadeiras de buganvília. Os respetivos leitos foram regularizados pelo brigadeiro francês Reynaldo Oudinot. A expansão da cidade nunca se fez de forma planeada. Ao sabor da evolução demográfica e da conjuntura económica, o casario foi conquistando o vale. Na zona central ainda predominam os edifícios góticos e barrocos, de aspeto pesado e sóbrio. Um dos elementos característicos da arquitetura local são as molduras de pedra à volta das portas e janelas. Os telhados de quatro águas são um dos encantos da cidade. Decorações das coberturas incluem figuras esculpidas com os mais curiosos motivos, desde cabeças de criança, a pombas, gatos ou buldogues britânicos.

 O coração da cidade bate junto à catedral e quase todos os edifícios públicos que a rodeiam têm mantido a traça original. A construção da em 1485 foi ordenada pelo rei D. Manuel I que deu instruções precisas para a sua localização e financiamento. A obra ficou pronta em 1514.
Se usarmos a catedral como ponto de partida, há dezenas de ruas e praças para visitar à volta, todas revestidas com calçada portuguesa tradicional. A Madeira criou a sua própria versão de calçada recorrendo a seixos e calhaus rolados de pequenas dimensões. É também uma solução muito usada nos jardins e nos exteriores das quintas

O Museu de Arte Sacra está alojado no antigo Paço Episcopal. O museu possui uma rica coleção de pintura flamenga, evocativa do esplendor do comércio do açúcar: muitos dos quadros foram adquiridos pelos mercadores do século XVI. Uma das fachadas do museu está virada para a Praça do Município. Ao centro fica uma fonte desenhada pelo arquiteto Raul Lino em 1942. Rematando um dos topos da praça ficam os Paços do Concelho, sendo o quarteirão mais a norte ocupado pela Igreja do Colégio de São João Evangelista que pertenceu aos jesuítas.

 Subindo a Rua das Pretas chegamos à zona de S. Pedro e Santa Clara. Desde o início do povoamento foi aqui que se instalaram as famílias mais importantes. Prosseguindo pela íngreme Rua da Calçada de Santa Clara encontramos a Casa Museu Frederico de Freitas. Nos espaços que rodeiam o edifício principal podemos encontrar um exemplar de uma casa de fresco, que na Madeira de chamam “casinhas do prazer”.
Prosseguindo encosta acima, surgem a igreja de Santa Clara e o convento de Santa Clara. O convento foi fundado pelo filho de João Gonçalves Zarco. Ambos estão aqui sepultados. Em frente fica o museu Universo de Memórias João Carlos Abreu, expondo escultura, pintura e uma biblioteca.
Do outro lado da rua fica outro museu, o da Quinta das Cruzes, na casa senhorial onde João Gonçalves Zarco viveu. Está rodeada por verdejantes jardins onde podemos ver um parque arqueológico, pedras lapidares e um orquideário.

De volta à avenida Arriaga podemos visitar as Adegas de São Francisco, também conhecidas como Old Blandy Wine Lodges. As instalações do antigo Convento de São Francisco têm condições excepcionais para albergar os vinhos antigos da Madeira Wine Company. A garrafeira armazena centenas de garrafas vintage com mais de cem anos, prontas a vender ao público. Entre adegas e e instalações de envelhecimento aqui estarão armazenados 800000 litros de vinho.
Do outro lado da rua fica a Fortaleza e Palácio de São Lourenço, belo exemplo de arquitetura militar seiscentista e residência dos governadores da ilha entre os séculos XVIII e XIX, estando classificado como monumento nacional. Logo a seguir encontramos o esplêndido Teatro Municipal Baltazar Dias, construído entre 1884 e 1887 e inspirado no famoso “La Scala” de Milão.
 
Nesta cidade o alojamento não é problema, existindo opções para todos os gostos e bolsos. Sendo a hospitalidade madeirense uma arte, em parte alguma do país o nível de qualidade e de serviço é tão alto. Uma das criações mais inspiradas da Madeira é o Reid’s Palace Hotel. Entrar aqui é como fazer uma viagem no tempo. O hotel representa a materialização do sonho de William Reid, um escocês que chegou à Madeira com 14 anos e cinco libras no bolso, e trabalhou incansavelmente até construir um dos hotéis mais luxuosos da Europa.
Óscar Niemeyer, o famoso arquiteto modernista brasileiro projetou um conjunto notável na segunda metade da década de 70: as formas do Casino da Madeira e do vizinho Casino Park Hotel dialogam entre si, ao ponto de desenharem um sol e uma lua quando vistos do ar.
Ao longo da Estrada Monumental desenvolveu-se um nova zona turística, com vários hotéis de quatro e cinco estrelas dispondo-se ao longo da costa. O turismo é um dos pilares da economia da Madeira e isso reflete-se na forma como os visitantes são acolhidos. Para uma estadia mais calma não faltam quintas tradicionais adaptadas à hotelaria de charme.

A vila do Monte situa-se a 600 metros de altitude, o que lhe proporciona um clima mais fresco e uma paisagem verdejante. Aqui se realiza anualmente, a 15 de Agosto, a maior procissão da ilha, a da Senhora do Monte. É nesta igreja que foi sepultado o antigo imperador da Áustria, Carlos I, exilado na Madeira. É também nesta igreja que os famosos carros de cesto costumam aguardar os seus clientes. A descida é uma aventura a não perder. Ernest Hemingway descreveu-a como “Uma das experiências mais hilariantes da minha vida”.