Ao contrário do que se verifica noutras ilhas europeias, na Madeira as marcas da História são relativamente recentes. Isso tem fascinado muito visitantes, como o escritor Sacheverell Sitwell. Efetivamente, não há vestígios pré-históricos, nem ruínas da antiguidade clássica. A presença do Homem começa, tanto quanto se sabe, com a chegada dos portugueses, em princípios do século XV. Mas se abstrairmos da escala humana e olharmos para a história natural, o património da Madeira é invejável.
Uma das jóias herdadas deste passado remoto é a floresta pré-histórica de louro que só aqui sobreviveu à última glaciação. Graças ao isolamento e à amenidade do clima, aqui continuam a prosperar espécies que no resto do continente já só existem sob a forma de fósseis.
A Madeira tem uma das vegetações mais bem preservadas da Macaronésia. A flora nativa, designada por paleartica pelos botânicos, é aparentada com a do noroeste da Europa, tendo as sementes para aqui sido trazidas pelo vento, pelas aves ou pelas correntes oceânicas. O solo sendo ácido e pobre em cálcio e potássio é, em contrapartida, rico em húmus. Existem mais de 150 espécies endémicas (plantas desenvolvidas e apenas existentes na Madeira) mas, com a intensificação dos estudos, é provável que este número aumente. O mais conhecido dos endemismos é a godiera da Madeira, uma orquídea extremamente frágil, com pétalas brancas que vive entre os 300 e os 800 metros de altitude.
Apesar de a área total não ultrapassar os 737 km2, a biodiversidade vegetal é impressionante. Perto do mar, onde se situam os terrenos agrícolas, o clima é seco e quente durante todo o ano, desenvolvendo-se numerosas espécies herbáceas nas falésias marítimas.