O Bordado Madeira é dos melhores do mundo, tendo sido frequentemente adquirido pelas casas reais da Europa nos últimos 100 anos. O segredo está no apuro dos desenhos e na elevada qualidade das peças que só recebem o selo do grémio do Instituto de Bordados da Madeira após rigorosas inspeções.
Umas das grandes impulsionadoras desta atividade foi Miss Phelps. Era filha de um mercador inglês, que veio à Madeira em meados de 1850. Impressionada pela habilidade manual das mulheres locais, ensinou-lhes as técnicas da broderie anglaise. Rapidamente assimilados estes ensinamentos, Miss Phelps enviou algumas das primeiras peças para Inglaterra, e logo choveram as encomendas. Iniciava-se uma nova arte na ilha.
As bordadeiras madeirenses eram tão competentes e originais que, três décadas depois já tinham imposto um estilo que viria a ficar conhecido como broderie madere. Os bordados trouxeram uma nova fonte de rendimentos a milhares de famílias. Em 1906 já havia 30000 bordadeiras nas zonas rurais, às quais de juntavam mais dois milhares de bordadeiras profissionais no Funchal. A maior parte do trabalho era feito em casa, sendo os acabamentos finais realizados nas fábricas do Funchal.
Foram os alemães aqui estabelecidos quem transformou este labor caseiro numa verdadeira indústria exportadora, introduzindo técnicas mais rápidas e aumentando a produção para níveis nunca antes sonhados. Com a entrada de Portugal na I Guerra Mundial, em 1916, os cidadãos alemães aqui residentes foram internados e as suas propriedades confiscadas.
Assistiu-se então ao aparecimento de outras empresas estrangeiras disputando o lugar das lucrativas empresas alemãs. Americanos de origem síria chegaram a dominar o setor, inundando o mercado mundial com capas de almofada de baixa qualidade. Isso teve reflexos negativos na imagem do Bordado Madeira e as vendas decresceram entre 1916 e 1925.
Em 1925, dois americanos empreendedores, Charlie Rolland e Leo Behrens, investiram na recuperação da qualidade. Criaram a Imperial Linens Company e introduziram novas técnicas inspiradas nos bordados de outros países europeus, como a Itália, Suíça, Espanha e França. Introduziram novos motivos e desenhos tomando como modelo as flores e outras plantas da Madeira. Acrescentaram plumas, conchas, motivos marinhos e cenas do dia-a-dia do Funchal. Graças a esta renovação, nascia o Bordado Madeira tal como o conhecemos hoje. Uma das peças mais famosas da Imperial Linens Company foi a toalha de mesa Princess Grace, desenhada pelo talentoso criador alemão Herman Klein, por ocasião do casamento da atriz Grace Kelly com o Príncipe Rainier do Mónaco.
Desde a ideia inicial ao produto acabado há um longo caminho a percorrer. Primeiro, o desenho é idealizado. Depois, escolhem-se os tecidos, as cores e as linhas mais adequadas (por razões de qualidade são quase sempre importados). Decidem-se os pontos a utilizar e procede-se à respetiva contagem. O desenho é feito em papel e enviado para o departamento de picotagem. O modelo sai, então, da fábrica e é levado às bordadeiras que o executarão. A perícia destas mulheres é lendária. Sentam-se em grupos, às vezes com três gerações a trabalhar lado a lado. Bordam rapidamente e as mais jovens aprendem o ofício. Depois de levado para a fábrica, o bordado tem, ainda, de passar por várias inspeções de qualidade antes de receber o selo do grémio e a etiqueta comprovativa. Só então pode ser posto à venda.
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